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5 de março: Pessoas esperam para embarcar em um trem de evacuação na estação central de trem de Kiev. (Fonte: Dimitar Dilkoff/AFP)
Como muitos dos senhores, não tenho conseguido pensar em outra coisa nas últimas semanas que não seja o pesadelo que se desenrola atualmente na Ucrânia. Barclay e eu sentimos como se estivéssemos prendendo a respiração cada vez que os alertas de notícias aparecem em nosso telefone, com medo de olhar, mas esperando ansiosamente por alguma reviravolta milagrosa que ponha fim à guerra. Mas, como o senhor bem sabe, as manchetes continuam a ficar mais devastadoras, o número de mortos e de pessoas perfeitamente inocentes fugindo para salvar suas vidas continua a aumentar, as tensões políticas continuam a se aprofundar e a se complicar rapidamente, as casas de famílias queridas continuam a ser destruídas e parece que ainda não há um fim à vista.
Nesta época da vida, em especial, não consigo deixar de ver nosso Teo nos rostos de todos os pequeninos da Ucrânia cujas imagens passamos diariamente – as crianças nas estações de trem, agasalhadas com seus casacos de inverno mais quentes e segurando pequenas mochilas, as crianças amontoadas em bunkers de metrô cantando músicas e tentando dormir em meio aos ataques, as crianças conectadas a sondas intravenosas em hospitais improvisados, enquanto pais aterrorizados permanecem ao seu lado. Parece incompreensível que, de alguma forma, possamos alimentar nosso bebê com uma refeição quente e colocá-lo em segurança em uma cama quentinha esta noite, enquanto milhões de pais, de repente, chocantemente, não o fazem. Quanto mais aprendemos sobre a realidade do que eles – além de outros milhões de pessoas em todo o mundo afetadas por outras crises humanitárias – estão enfrentando neste momento, mais impossível parece imaginar.
Mas, é claro, o trabalho de empatia para todos nós neste momento é tentar imaginar. Continuar prestando atenção e testemunhar as histórias das pessoas, mesmo quando as notícias nos deixam de coração partido. Colocar-nos no lugar de nossos vizinhos e perguntar genuinamente o que significa amá-los como a nós mesmos. Reconhecer o privilégio imerecido que é ter comida, abrigo e segurança, especialmente em momentos como este. E reconhecer a responsabilidade que nos acompanha de fazer tudo o que pudermos para ajudar. ♡
Sei que todos os senhores se preocupam profundamente com as pessoas e provavelmente já ajudaram de inúmeras maneiras nas últimas semanas. Mas, para quem hoje estiver se sentindo “preso”, desamparado ou inseguro quanto ao que pode fazer a seguir que possa realmente fazer a diferença, gostaria de fazer uma pausa nas receitas de hoje para oferecer algumas ideias de maneiras de ajudar:
- saber mais: artigos e vídeos para entender melhor o que levou a esse conflito e o impacto que a guerra está causando em países de baixa renda em todo o mundo, especialmente em relação a questões de segurança alimentar
- agir: algumas etapas de ação factíveis (incluindo algumas relacionadas à panificação/cozimento!) que podem fazer uma diferença genuína
- doar: Embora inúmeras organizações estejam fazendo um trabalho incrível no momento, eu gostaria de destacar três organizações confiáveis que estão fazendo especificamente o trabalho de alimentar as pessoas no momento
Um mentor meu disse certa vez que uma das chaves para a perseverança no trabalho de justiça social é alternar regularmente entre essas três áreas – aprender, agir, doar. Portanto, se o senhor fez uma doação para uma organização e agora está se perguntando “e agora?”, reserve 5 minutos para ligar para o seu representante local e defender o reassentamento de refugiados. Se o senhor passou a semana organizando uma venda de bolos na escola de seus filhos, tire uma noite tranquila em casa para estudar por que o trigo é um tópico tão importante neste momento. Se o senhor tem estado ligado ao ciclo de notícias 24 horas por dia, 7 dias por semana, faça uma pausa para perguntar qual artigo o impactou mais esta semana e doe o custo de sua próxima refeição (ou muito mais) para uma instituição de caridade relacionada.
Sobre esse assunto, gostaria de informar aos senhores que a Gimme Some Oven doou US$ 5.000 para a World Central Kitchen quando a guerra começou – uma organização que está na linha de frente alimentando pessoas (ao mesmo tempo em que continua com outras iniciativas de emergência e desenvolvimento em todo o mundo), cujo trabalho acompanhamos e respeitamos há muitos anos. E localmente, aqui em Barcelona, Barclay e eu estamos doando e trabalhando com várias organizações e grupos de base ajudando a apoiar as centenas de refugiados que começaram a chegar à cidade esta semana. A crise é basicamente tudo o que se fala no momento aqui, especialmente porque milhares de ucranianos devem se estabelecer na Espanha este mês, e tem sido muito comovente ver como as pessoas de toda a cidade se mobilizaram instantânea e generosamente para ajudar. Espero que isso continue por muitos e muitos meses.
Enfim. É claro que não sou especialista em nada disso, mas se o senhor também estiver procurando novas maneiras de se manter envolvido, espero que alguns desses recursos possam ser úteis. Como Glennon Doyle sempre diz, “nós pertencemos uns aos outros”. Portanto, vamos fazer tudo o que pudermos agora para cuidarmos bem uns dos outros.
Uma colheitadeira colhe trigo em um campo na região de Kiev em 2020. (Fonte: Valentyn Ogirenko/REUTERS)
Saiba mais
Não há escassez de fontes às quais os senhores podem recorrer para obter notícias diárias neste momento. Mas, além de acompanhar as manchetes, também é muito importante que as pessoas invistam algum tempo estudando a história do que levou a essa guerra, para entender melhor o que está acontecendo e o que está em jogo, bem como para ajudar a combater a enxurrada de desinformação que está circulando no momento. (É muito importante examinar as fontes antes de compartilhar on-line neste momento).
Como muitos dos senhores, fiquei muito grato pelo jornalismo corajoso e cuidadoso que está acontecendo na linha de frente nas últimas semanas, e tinha dezenas de artigos marcados que pensei em compartilhar aqui. Mas como todos os senhores vêm a este site por causa de alimentos, gostaria de destacar especificamente alguns artigos que lemos sobre o impacto crítico que essa guerra já está causando no acesso das pessoas a alimentos em todo o mundo e o que alguns dizem que podem ser as soluções para ajudar.
– A guerra de Putin contra a Ucrânia, explicada. (Vox) Este vídeo de 8 minutos já tem mais de uma semana, mas é um dos melhores que já vi explicando a história entre a Ucrânia e a Rússia e o que levou à invasão. Se o senhor preferir ler, este artigo também oferece uma boa visão geral. Ou, se o senhor quiser se aprofundar ainda mais, aqui está um lista de livros recomendados sobre a crise.
– Como a invasão da Ucrânia pela Rússia vai piorar a fome no mundo. (The New Humanitarian) Esse artigo fornece uma excelente explicação sobre os papéis da Rússia e da Ucrânia no sistema alimentar global, um assunto que considero fascinante. Ele também explica o impacto crítico (e esmagador) que essa guerra em um país terá no acesso das pessoas aos alimentos em todos os países do mundo, especialmente naqueles que já são vulneráveis à insegurança alimentar.
– A guerra da Rússia contra a Ucrânia é terrível para a fome no mundo. Mas há soluções. (NPR) É altamente recomendável ler estas 6 conclusões sobre o impacto da guerra na fome mundial e as possíveis soluções, algumas das quais podem surpreendê-lo.
– Como ajudar a Ucrânia: priorizar a alimentação e a migração. (Washington Post) Outro artigo bem pensado sobre soluções sustentáveis de longo prazo. Gostaria especialmente de compartilhar esta citação, à luz do O apoio da Gimme Some Oven à horta comunitária este ano em Mali: “Com grande parte da Ucrânia sitiada, esses suprimentos são uma mistura de bloqueio ou perigo, criando assim um risco de fome e desnutrição para os importadores de grãos. Aumentar a produtividade da agricultura, especialmente nos países mais pobres, deve ser agora uma prioridade maior. Quando o fornecimento de alimentos de uma fonte, como a Ucrânia, é interrompido, as nações mais pobres devem ter outras opções de fornecimento.” Muito encorajador – o projeto que o senhor ajudou a financiar é exatamente o que é necessário neste momento.
– Por que aceitar refugiados é uma fórmula em que todos saem ganhando. (Brookings) Por fim, há sempre muito medo que circula em épocas como essa sobre a aceitação de refugiados. Portanto, para que os políticos não tentem convencê-lo do contrário, faça sua própria pesquisa e saiba que as evidências são claras que acolher refugiados é um benefício social e econômico para a sociedade, além de ser a coisa certa a fazer como seres humanos. O editorial de Angelina Jolie sobre “O que devemos aos refugiados” também é uma boa leitura sobre o assunto.
Biskvit (bolo de maçã), uma receita ucraniana de Olia Hercules que fizemos e apreciamos esta semana aqui em nossa casa para #cookforukraine.
Entre em ação
Mesmo que o senhor more a milhares de quilômetros de distância da Ucrânia, há várias maneiras de se envolver e agir agora mesmo para ajudar. Aqui estão algumas opções simples e factíveis (e também deliciosas) a serem consideradas…
– Cozinhe para a Ucrânia: Chef ucraniano e escritor de gastronomia, Olia Herculese sua melhor amiga e escritora russa de livros de receitas, Alissa Timoshkina, iniciou o movimento #CookForUkraine para incentivar os cozinheiros a celebrar a cultura do leste europeu preparando refeições tradicionais para um clube de jantar ou venda de bolos e doando os lucros para o UNICEF por meio de seu JustGiving página.
– Assar para a Ucrânia: Da mesma forma, Padeiros contra o racismo lançou a iniciativa #BakeForUkraine para que padeiros de todos os níveis realizem vendas de bolos e doem os lucros para uma série de organizações de ajuda, incluindo Sunflower of Peace (Girassol da Paz) e o Comitê Internacional de Resgate.
– Apoie o jornalismo local: Para ajudar a garantir que notícias precisas continuem sendo divulgadas na Ucrânia, considere ler e apoiar financeiramente The Kyiv Independent, um jornal de língua inglesa sediado na Ucrânia. Apoio ao seu Patreon e GoFundMe também ajudarão os jornalistas a se mudarem, montarem escritórios de apoio e continuarem suas operações em países vizinhos.
– Peça ao seu empregador que iguale as doações: Considere a possibilidade de conversar com seu empregador e perguntar se ele poderia equiparar as doações dos funcionários para uma ONG que esteja apoiando a Ucrânia neste momento. Ou verifique se já existe um programa corporativo de equiparação registrado em sua empresa aqui.
– Considere estas 10 maneiras de apoiar os refugiados: Acolher refugiados é um pilar de muitas religiões e simplesmente a coisa certa a fazer como seres humanos. Se o senhor estiver procurando uma ação específica para apoiar os refugiados ucranianos neste momento, um e-mail ou uma ligação para seu representante local para defender especificamente um aumento no número de refugiados acolhidos este ano é rápido e fácil (normalmente basta deixar uma mensagem curta ou falar com um funcionário) e faz a diferença. Até o momento em que estou publicando esta postagem, o governo Biden prometeu ajuda humanitária financeira, mas ainda não aumentou oficialmente o número de refugiados que os EUA aceitarão.
– Seja voluntário ou faça doações para bancos de alimentos locais: Em tempos de crises humanitárias, quando as doações para ONGs globais aumentam, as doações e a ajuda aos bancos locais quase sempre diminuem. Portanto, se o senhor estiver assistindo ao noticiário e desejar ajudar na linha de frente, saiba que este é um ótimo momento para doar ou trabalhar como voluntário no banco de alimentos local para tratar de questões de insegurança alimentar onde mora.
Voluntários ucranianos servem refeições fornecidas por parceiros da WCK no posto de fronteira de Medyka em 27 de fevereiro, com mais pessoas chegando a cada dia. (Fonte: World Central Kitchen)
Doe
Um bom lembrete do Charity Navigator: “Após um desastre, é fácil ver fotos ou filmagens das áreas afetadas e querer doar roupas e cobertores para manter as pessoas limpas e aquecidas ou alimentos para alimentar os famintos. Mas, na realidade, o dinheiro é a doação mais eficaz. Uma doação em dinheiro permite que as instituições de caridade que trabalham no local comprem rapidamente os suprimentos necessários para atender às necessidades em constante mudança das pessoas afetadas.”
Existem assim muitas organizações incríveis e iniciativas criativas (olá, AirBnB, Etsy e BlaBlaCar) que prestam ajuda aos ucranianos e para as quais os senhores podem fazer doações agora mesmo. Mas como sei que a maioria dos senhores visita este site por causa do seu amor por comida, gostaria de recomendar três organizações em que confiamos e que apoiamos e que estão fazendo especificamente o trabalho de alimentar as pessoas neste momento, salvando vidas:
– Cozinha Central Mundial: Há muito tempo sou um grande fã do Chef José Andrés e de seu trabalho que vem se desenvolvendo na última década World Central Kitchenmas fiquei especialmente impressionado nas últimas semanas com a rapidez com que suas equipes de cozinheiros profissionais se mobilizaram para servir centenas de milhares de refeições frescas nas zonas de conflito, ao mesmo tempo em que continuaram a manter seu trabalho de emergência e desenvolvimento de longo prazo em muitos outros países do mundo. Se o senhor quiser “procurar os ajudantes”, como disse a famosa mãe do Sr. Rogers, acompanhe o trabalho da Instagram agora mesmo para ver todas as muitas maneiras pelas quais os membros de suas equipes locais e internacionais entraram em ação para servir. (Faça sua doação aqui.)
– Comitê Internacional da Cruz Vermelha: Nos primeiros dias da guerra, Barclay e eu ouvimos de vários amigos em países vizinhos à Ucrânia – e agora pudemos testemunhar em primeira mão aqui em Barcelona também – que a Cruz Vermelha Internacional tem feito um trabalho incrível ajudando a organizar o caos e fornecendo alimentos, água, abrigo e assistência médica aos refugiados. Fizemos doações para eles pessoalmente e gostamos muito de saber de suas atualizações sobre Instagram também. (Doe aqui.)
– Programa Mundial de Alimentos: Premiado com o Prêmio Nobel da Paz em 2020, o PMA é o braço de ajuda alimentar da ONU dedicado a “salvar vidas em emergências e usar a assistência alimentar para construir um caminho para a paz, estabilidade e prosperidade para as pessoas que se recuperam de conflitos, desastres e do impacto das mudanças climáticas”. Seu trabalho é amplamente respeitado e confiamos que eles estarão lá para apoiar os ucranianos a longo prazo. Se o senhor estiver interessado em se aprofundar mais nas questões de sistemas e segurança alimentar, também recomendo muito que confira o podcast deles, Alimentos melhores, mundo melhor. (Doe aqui.)
Carrinhos de bebê deixados em uma estação de trem polonesa para pais que fogem da guerra na Ucrânia. (Fonte: Francesco Malavolta / AP)
Obrigado ao senhor por ler. Que os senhores sejam os ajudantes de todas as formas que pudermos. ♡